
Me poupo de sofrimento
Por se machucarem muito, as pessoas automaticamente acabam mudando a forma de lidar com sentimentos e relações. Se fecham, não se permitem viver algo novo ou conhecer gente nova. Por um lado, isso evita maiores sofrimentos, mas você também deixa de viver a vida como ela é. O que você escolheria?
Amar machuca?

Muitas vezes, fico me perguntando de onde tiramos a ideia de que amar machuca. Será mesmo que amar machuca ou será que nós, seres humanos, temos a tendência de machucar uns aos outros, independentemente do que sentimos por essas pessoas? Eu realmente não sei qual é a resposta para essa pergunta, sei apenas que a maioria das minhas experiências amorosas foram desastrosas, cheias de dor, sofrimento e decepção. Claro que eu tive boas experiências amorosas, mas posso contar nos dedos de uma mão quais foram – talvez possa contar em um único dedo, na verdade. Amar dá preguiça ou será que é a dor que dá preguiça?
Já me feri muito
Eu já passei por tantas coisas e tantas situações desagradáveis nessa vida de pessoa que ama demais e que sente demais, que fico me perguntando se quero passar por isso de novo. Veja bem: nada contra gente que acha que o amor é a maior dádiva do universo, é que eu só não tenho mais tanta certeza se todos os saldos positivos do amor compensam os déficits negativos que ele gera em nossas vidas. Não, não sei dizer se esses déficits são causados por pessoas que não sabem amar ou pelo sentimento em si – só acho estranho que essas dores venham atreladas a gostar de alguém. Talvez eu tenha gostado das pessoas erradas, não sei. Talvez eu nunca tenha gostado direito – sei apenas que já me feri muito e que não quero me ferir novamente.
Queria alguma garantia de felicidade

Eu até poderia investir de novo em pessoas – eu poderia voltar a me entregar completamente aos sentimentos, poderia me doar e não esperar nada em troca, mas eu precisaria de alguma garantia de felicidade para fazer isso. Veja bem, não estou pedindo reciprocidade, estou pedindo satisfação pessoal em amar com todo o meu coração. Todas as minhas últimas experiências (ou a maioria delas) foram simplesmente frustrantes e me fizeram desejar nunca ter amado e nunca mais amar de novo. Talvez, se eu pudesse saber quais experiências podem dar certo e quais certamente não podem, eu pudesse amar de novo. Mas não posso. Não podemos...
Certos sentimentos machucam
De tudo o que eu aprendi na vida, a maior lição de todas é que certos sentimentos machucam você. Algumas coisas que acontecem com a gente, obviamente, nos ensinam alguma coisa, nos dizem alguma coisa, mas isso não significa que as lições serão aprendidas com facilidade. Foi apenas amando demais que eu aprendi que nem todo mundo liga para os sentimentos dos outros, foi assim que eu aprendi que empatia é um negócio raro e que pouca gente tem. Foi apenas sentindo com todo o meu coração que eu aprendi a não confiar em todo mundo. O único problema é que, no fim, eu simplesmente não confio em mais ninguém.
Nunca deu certo

Não, em nenhuma das minhas tentativas eu consegui atingir o objetivo pleno de ser feliz ao lado de alguém. Claro, tive momentos de alegria, momentos que merecem ser lembrados com carinho, mas plenamente feliz? Não, nunca fui – pelo menos não ao lado de alguém que eu amei. A maioria das pessoas que passaram por minha vida levaram alguma coisa de mim sem deixar nada em troca – quer dizer, deixaram dor e saudade, será que conta? Não sei. Nunca fui muito bom em matemática. Hoje acredito que seja melhor guardar o que eu sou num lugar seguro, sem deixar que ninguém me leve embora de mim.
Por que daria agora?
Se nunca nada deu certo antes, por que daria certo agora? É essa a grande pergunta que eu faço a mim mesmo quando penso em amar de novo, quando penso em tentar tudo de novo. Será que vale a pena o desgaste? Será que eu conseguiria passar por todo o sofrimento de novo e de novo depois de enfrentá-lo diversas vezes? Não sei se estou sendo muito pessimista ou covarde – talvez esteja, mas não sei se consigo sentir mais dor do que já senti ao longo dos últimos anos. Não sei se suporto uma nova decepção.
As pessoas machucam

Talvez não seja o amor que machuque. Talvez o amor seja apenas o sentimento mais bonito do mundo e a gente que não saiba amar – afinal, quem pode, sinceramente, doar todo o seu amor e toda a sua felicidade sem perguntar nada, sem pedir nada em troca? Quem pode fazer isso de forma consciente, sem sentir medo? Acredito que a resposta seja “ninguém”. No fim, o que machuca mesmo é o sentimento, não o amor. O amor é puro, mas está nas mãos de gente que não sabe amar.
Não quero me desgastar
Eu não sou uma pessoa mal-amada, daquelas que não entendem o amor, que não gostam do amor. Não. Muito pelo contrário, eu sempre gostei de amar. Eu sempre gostei de me apaixonar, de me doar completamente a um sentimento, a um amor. Eu sempre gostei de sentir como se o meu coração fosse explodir de felicidade. No entanto, com o passar dos anos, comecei a me indagar se esse sentimento vale todo o desgaste envolvido em um relacionamento – se vale essa parte horrível de estar com alguém, que ninguém te conta quando você é mais jovem. Talvez valha a pena, mas não quero mais me desgastar nesse momento. Não agora...
Não aguento mais passar por isso

Eu gastei boa parte da minha vida investindo em relacionamentos frustrantes, que machucaram o meu coração e deixaram marcas na minha alma, marcas que eu não acredito que um dia vão sumir. Por muito tempo, acreditei que o amor era um sentimento bom e que as pessoas é que não sabiam amar. Se é assim, então por que eu continuo me magoando tanto quando permito que as pessoas entrem na minha vida? Talvez porque o amor deixa a gente vulnerável, suscetível ao que o outro pode fazer. Sei apenas que não aguento mais passar por isso e que daria tudo para não me magoar novamente.
Às vezes, é melhor não sentir
Sinceramente, acredito que, às vezes, é melhor não sentir. Às vezes, é melhor quando você é uma pessoa sem sentimentos, uma pessoa que não liga para os outros e que vive sua vida de forma egoísta – talvez esse tipo de gente sofra menos, mas não sei dizer. Não sei dizer por que eu sempre fui o tipo de pessoa que sente demais, que vai absorvendo tudo o que acontece no mundo e que, quando dá por si, já está completamente sobrecarregada dos sentimentos do mundo. Nunca entendi o que significa ser uma pessoa desapegada, mas acho que deve ser melhor do que permitir sentimentos demais. Ou não... Talvez não sentir nada apenas te mate um pouco mais por dentro do que sentir tudo.
Talvez se não tivesse me ferido tanto

Eu acredito sinceramente que, se eu não tivesse me ferido tanto em relação às outras pessoas, eu poderia amar tudo de novo, eu poderia sentir tudo de novo. Talvez se a vida tivesse sido um pouco menos dura comigo, eu pudesse ter um pouco mais de fé de que as coisas podem dar certo, mas não foi isso o que aconteceu. A vida não foi fácil comigo, a vida não aliviou para o meu lado, não. A vida apenas jogou mais e mais coisas dentro de mim sem perguntar se eu aguentaria todos aqueles sentimentos, toda aquela dor. No fim, fiquei assim: uma meia pessoa cheia de meias verdades e sem muitos sentimentos inteiros.
Será que estou pronto para amar?
Diante de todas as decepções pelas quais o meu coração já passou, me questiono se estou pronto para amar de novo, me questiono se tenho maturidade emocional para me decepcionar de novo com alguém de quem eu vou esperar o mundo, de quem vou esperar sentimentos bons e completos. Será que estou pronto para ter o meu coração novamente despedaçado e amassado? Será que estou pronto para que alguém se aproveite dos meus sentimentos que transbordam e simplesmente os jogue no lixo?
Já tentei tantas vezes

Tantas vezes antes eu tentei amar com tudo o que eu tenho. Tantas vezes antes eu me esforcei para sentir com todo o meu coração e acreditei que as coisas fossem ficar bem. Tantas vezes antes eu tentei, tentei de verdade, ser feliz sem me preocupar com o futuro e simplesmente dei de cara no chão, dei de cara no muro. Talvez eu goste mesmo é de cair, talvez eu tenha esse sentimento masoquista dentro do meu coração que sempre me guia para experiências frustrantes. Sei apenas que já tentei tantas vezes, que não sei mais se quero tentar de novo.
Não existem garantias
Não existem garantias de que a vida será fácil. Não existem garantias de que a gente vai amar ou de que vai dar certo. Não dá para saber se o outro irá nos decepcionar. Não dá... A única coisa que é real é o que sentimos – apenas no nosso próprio sentimento podemos confiar de todo o coração. É claro que isso torna a jornada de confiar no outro muito mais difícil, mas é assim que é. Algumas coisas não podem ser mudadas... Nada dá garantias de que não haverá sofrimento quando não é a apenas o seu sentimento que está em jogo.
Talvez uma última chance

Eu sei que parece loucura. Sei que, talvez, eu esteja perdendo completamente a minha cabeça, mas quem sabe eu vá receber uma última chance… Quem sabe se conseguirei doar o meu coração uma última vez? Sei parece que perdi o último fio de sanidade que ainda havia em mim – e talvez tenha perdido mesmo. Mas a verdade é que uma vida sem amor é uma vida desperdiçada. Talvez valha a pena tentar amar novamente, mesmo que eu tenha que sofrer tudo de novo. É, talvez valha a pena.