Mensagens Com Amor Menu Search Close Angle Birthday Cake Asterisk Spotify PPS Book Heart Share Whatsapp Facebook Twitter Pinterest Instagram YouTube Telegram Copy Left Check

Poemas de Gregório de Matos

Gregório de Matos Guerra, também conhecido como Boca do Inferno ou Boca da Brasa, foi um advogado e poeta do Brasil colônia. O maior poeta barroco e um grande poeta satírico da literatura!

Todo Gregório de Matos Guerra

O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo.


Copiar
Compartilhar
A Jesus Cristo Nosso Senhor

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque, quanto mais tenho delinqüido,
Vós tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.


Copiar
Compartilhar
Descrevo que era Realmente Naquele Tempo a Cidade da Bahia

A cada canto um grande conselheiro,
que nos quer governar cabana, e vinha,
não sabem governar sua cozinha,
e podem governar o mundo inteiro.

Em cada porta um freqüentado olheiro,
que a vida do vizinho, e da vizinha
pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
para a levar à Praça, e ao Terreiro.

Muitos mulatos desavergonhados,
trazidos pelos pés os homens nobres,
posta nas palmas toda a picardia.

Estupendas usuras nos mercados,
todos, os que não furtam, muito pobres,
e eis aqui a cidade da Bahia.


Copiar
Compartilhar
Amor fiel

Ó tu do meu amor fiel traslado
Mariposa entre as chamas consumida,
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado.

Tu de amante o teu fim hás encontrado,
Essa flama girando apetecida;
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou, morro abrasado.

Ambos de firmes anelando chamas,
Tu a vida deixas, eu a morte imploro
Nas constancias iguais, iguais nas chamas.

Mas ai! que a diferença entre nós choro,
Pois acabando tu ao fogo, que amas,
Eu morro, sem chegar à luz, que adoro.


Copiar
Compartilhar
Se...

Falsa gentileza vã,
A quem segue o teu verdor!
Adverte, que se hoje és flor,
Serás caveira amanhã.
Essa beleza louça
Te está mesmo condenando...

Se corres, com pano largo,
Trás dos deleites de uma hora,
Vê bem que o que é doce agora
Te há de ser depois amargo.
Desperta desse letargo
Que que os vícios te detêm,
E vive como convém;
Pois se sabes que és mortal,
Olha bem: não morras mal,
Olha bem que vivas bem.

Se a esperar tempo te atreves,
Mal na vida te confias;
Pois são tão curtos os dias,
Quanto as horas são mais breves.
Deixa os gostos vão e leves,
Que tanto estás anelando:
Trata de ir-te aparelhando
Para a morte, e sem demora;
Porque não sabes a hora,
Porque não sabes o quando.

Deixa o mundo os enganos,
Não queiras em tanta lida,
Por breve gostos da vida
Penar por eternos anos.


Copiar
Compartilhar
Anjo Bento

Destes que campam no mundo Sem ter engenho profundo
E, entre gabos dos amigos,
Os vemos em papafigos
Sem tempestade, nem vento:

Anjo Bento!

De quem com letras secretas
Tudo o que alcança é por tretas,
Baculejando sem pejo,
Por matar o seu desejo,
Desde a manhã té à tarde:

Deus me guarde!

Do que passeia farfante,
Muito prezado de amante,
Por fora luvas, galões,
Insígnias, armas, bastões,
Por dentro pão bolorento:

Anjo Bento!

Destes beatos fingidos,
Cabisbaixos, encolhidos,
Por dentro fatais maganos,
Sendo nas caras uns Janos:
Que fazem do vício alarde:

Deus me guarde!

Que vejamos teso andar
Quem mal sabe engatinhar,
Muito inteiro e presumido,
Ficando o outro abatido
Com maior merecimento:

Anjo Bento!

Destes avaros mofinos,
Que põem na mesa pepinos,
De toda a iguaria isenta,
Com seu limão e pimenta,
Porque diz que o queima e arde:

Deus me guarde!


Copiar
Compartilhar
Você também pode gostar

Outros famosos que nasceram no dia 23 de dezembro

 
SONETO VII

Ardor em firme coração nascido!
Pranto por belos olhos derramado!
Incêndio em mares de água disfarçado!
Rio de neve em fogo convertido!

Tu, que em um peito abrasas escondido, (*?) Tu, que em ímpeto abrasas escondido,
Tu, que em um rosto corres desatado,
Quando fogo em cristais aprisionado,
Quando cristal em chamas derretido.

Se és fogo como passas brandamente?
Se és neve, como queimas com porfia?
Mas ai! Que andou Amor em ti prudente.

Pois para temperar a tirania,
Como quis, que aqui fosse a neve ardente,
Permitiu, parecesse a chama fria.


Copiar
Compartilhar
Senhora Dona Bahia

Ninguém vê, ninguém fala, nem impugna,
e é que, quem o dinheiro nos arranca,
nos arranca as mãos, a língua, os olhos."

“Esta mãe universal,
esta célebre Bahia,
que a seus peitos toma, e cria,
os que enjeita Portugal"

"Cansado de vos pregar
cultíssimas profecias,
quero das culteranias
hoje o hábito enforcar:
de que serve arrebentar
por quem de mim não tem mágoa?
verdades direi como água
porque todos entendais,
os ladinos e os boçais,
a Musa praguejadora.
Entendeis-me agora?"


Copiar
Compartilhar
Inconstância das coisas do mundo!

Nasce o Sol e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tritezas e alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falta a firmesa,
Na formosura não se dê constancia,
E na alegria sinta-se a triteza,
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza.
A firmeza somente na incostância.
Gregório de Matos


Copiar
Compartilhar
As Coisas do mundo

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não igo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.


Copiar
Compartilhar
E isto é o Amor?

Mandai-me Senhores, hoje
que em breves rasgos descreva
do Amor a ilustre prosápia,
e de Cupido as proezas.
Dizem que de clara escuma,
dizem que do mar nascera,
que pegam debaixo d’água
as armas que o amor carrega.

O arco talvez de pipa,
a seta talvez esteira,
despido como um maroto,
cego como uma toupeira

E isto é o Amor? É um corno.
Isto é o Cupido? Má peça.
Aconselho que não comprem
Ainda que lhe achem venda

O amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa é besta.


Copiar
Compartilhar
fechar