Mas a relação castigo-corpo não é idêntica ao que ela era nos suplícios. O corpo encontra-se aí em posição de instrumento ou de intermediário; qualquer intervenção sobre ele pelo enclausuramento, pelo trabalho obrigatório visa privar o indivíduo de sua liberdade considerada ao mesmo tempo como um direito e como um bem. (…) O castigo passou de uma arte das sensações insuportáveis a uma economia dos direitos suspensos.
Utopia do poder judiciário: tirar a vida evitando de deixar que o condenado se sinta mal, privar de todos os direitos sem fazer sofrer, impor penas isentar de dor.
Também devemos nos perguntar sobre o que somos no presente, na atualidade.
Que possamos considerar nossa própria cultura como algo tão estranho a si mesmo quanto a cultura.
Escrever é...
Michel Foucault
É se transformar, é desprender-se de si mesmo, dissociar-se de si mesmo. Se eu já soubesse onde estava indo, não escreveria.
Nos afirmar
Michel Foucault
Devemos não somente nos defender, mas também nos afirmar, e nos afirmar não somente enquanto identidades, mas enquanto força criativa.
Temos antes que admitir que o poder produz saber (e não simplesmente favorecendo o porquê serve ou aplicando o porquê é útil); que poder e saber estão diretamente implicados; que não há relação de poder sem constituição correlata de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder.
A culpa não começava uma vez reunida todas as provas: peça por peça, ela era constituída por cada um dos elementos que permitiam reconhecer um culpado. Assim, uma meia-prova não deixava inocente o suspeito enquanto não fosse completada: fazia dele um meio-culpado; o indício, apenas leve, de um crime grave, marcava alguém como um pouco criminoso.
Indispensável
Michel Foucault
Existem momentos na vida onde a questão de saber se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir.
O que é o discurso?
Michel Foucault
O discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo porque, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar.
Escrever uma história da sexualidade afastada da ideia de um poder repressor e de censura.
A alma, efeito e instrumento de uma anatomia política; a alma, prisão do corpo.