Sucede aos homens como às substâncias materiais, as mais leves e menos densas ocupam sempre os lugares superiores.
Intemperança
Marquês de Maricá
A intemperança da língua não é menos funesta para os homens que a da gula.
Originais
Marquês de Maricá
Querendo parecer originais, tornamo-nos ridículos ou extravagantes.
Memória dos velhos
Marquês de Maricá
A memória dos velhos é menos pronta, porque o seu arquivo é muito extenso.
Amizade perfeita
Marquês de Maricá
A amizade mais perfeita e mais durável é somente aquela que contraímos com o nosso interesse.
Duração de um bem
Marquês de Maricá
A duração de um bem não assegura a sua perpetuidade.
Homens em geral
Marquês de Maricá
Os homens em geral ganham muito em não serem perfeitamente conhecidos.
Ignorância e sabedoria
Marquês de Maricá
A ignorância tem os seus bens privativos, como a sabedoria os seus males peculiares.
Sabedoria humana
Marquês de Maricá
A sabedoria humana, bem ponderada, vale sempre menos do que custa.
Ocasiões
Marquês de Maricá
Há muitas ocasiões em que os ricos e poderosos invejam a condição dos pobres e insignificantes.
Necessário
Marquês de Maricá
É necessário saber muito para poder admirar muito.
A imaginação exagera, a razão desconta, o juízo regula.
Covardia
Marquês de Maricá
A covardia preserva frequentes vezes a vida.
Sorte e condição
Marquês de Maricá
Unir para desunir, fazer para desfazer, edificar para demolir, viver para morrer, eis aqui a sorte e condição de natureza humana.
O saber é riqueza, mas de qualidade tal que a podemos dissipar e desbaratar sem nunca empobrecermos.
Felicidade dos homens
Marquês de Maricá
Bem curta seria a felicidade dos homens se fosse limitada aos prazeres da razão, os da imaginação ocupam os maiores espaços da vida humana.
Celebridade
Marquês de Maricá
A celebridade, que custa pouco, tem pequeno fulgor e duração.
Razão escrava
Marquês de Maricá
A razão é escrava quando a fé e autoridade são senhoras.
Nada agrava mais a pobreza, que a mania de querer parecer rico.
Louvor fecundo
Marquês de Maricá
O louvor fecundo distingue menos que a admiração silenciosa.
Homens maus
Marquês de Maricá
Nenhum governo é bom para os homens maus.
Obstinação
Marquês de Maricá
A obstinação nas disputas é quase sempre efeito do nosso amor-próprio: Julgamo-nos humilhados se nos confessamos convencidos.
O velho e o moço
Marquês de Maricá
Ambos se enganam, o velho quando louva somente o passado, o moço quando só admira o presente.
Silêncio
Marquês de Maricá
O silêncio é o melhor rebuço para quem não se quer revelar, ou fazer-se conhecer.
Insignificância
Marquês de Maricá
Nas revoluções dos povos a insignificância é a maior garantia de segurança pessoal.
Aduladores
Marquês de Maricá
Os aduladores são como as plantas parasitas que abraçam o tronco e ramos de uma árvore para melhor a aproveitar e consumir.
Constância
Marquês de Maricá
A constância nas nossas opiniões seria geralmente embaraço e oposição ao progresso e melhoramento da nossa inteligência.
Ocupados em descobrir os defeitos alheios, esquecemo-nos de investigar os próprios.
Esperanças
Marquês de Maricá
As esperanças, quando se frustram, agravam mais os nossos infortúnios.