Minha toada é...
Luiz Gonzaga
Minha toada é mensageira da paz e minhas músicas sempre foram cristãs.
Cantador Pobre
Luiz Gonzaga
Eu como cantador pobre, sabia que a cidade grande não ia me dar oportunidade, então eu gravava meus discos e ia procurar o meu público lá nos matos. Nos estados longínquos. Esse povo vinha me ouvir e as praças ficavam cheias. Eu arranjava patrocinadores no local e, às vezes, levava patrocinador do sul que tinha pretensões no Nordeste. Me davam cartazes. Eu cantava na praça pública, nos coretos, nos circos e até nos quartéis. Eu chegava nas cidades do interior com os meus discos, cantava na praça pública, vendia o meu peixe. Foi sempre no Nordeste que eu me arrumei.
Olha Pro Céu
Luiz Gonzaga
Olha pro céu, meu amor vê como ele está lindo, olha praquele balão multicor como no céu vai sumindo. Foi numa noite, igual a esta que tu me deste o coração, o céu estava, assim em festa pois era noite de São João. Havia balões no ar, xote, baião no salão e no terreiro o teu olhar, que incendiou meu coração!
Uma esmola, para o homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão.
Cintura Fina
Luiz Gonzaga
Vem cá, cintura fina, cintura de pilão, cintura de menina, vem cá meu coração.
Eu vou dançar
Luiz Gonzaga
Tu És mulher pra homem nenhum botar defeito, por isso satisfeito, com você eu vou dançar.
Fica Mal com Deus
Luiz Gonzaga
Fica mal com Deus quem não sabe dar. Fica mal com Deus quem não sabe amar.
Eu tinha a música
Luiz Gonzaga
Eu queria cantar o Nordeste. Eu tinha a música, tinha o tema. O que eu não sabia era continuar. Eu precisava de um poeta para escrever aquilo que eu tinha na cabeça, de um homem culto para ensinar as coisas que eu não sabia. Eu sempre fui um bom ouvidor. Cheguei até a enganar que era culto!
Aquilo sim, que vidão
Luiz Gonzaga
De noite eu me sentava bem juntinho ao fogão
Rosa trazia o cachimbo, Creuza trazia o tição
Com a viola no peito, tirava uma canção
De hora em hora tomava um golinho de quentão.
Criei Tanta Coisa
Luiz Gonzaga
Eu criei tanta coisa que, hoje, sabendo de todos o sanfoneiros parados que tem por aí, eu devo deixar o meu lugar. Porque não sou mais sanfoneiro nem cantor, porque sou simplesmente Luiz Gonzaga, um velho com gogó bom. Não ganho dinheiro mais como sanfoneiro, ganho como Luiz Gonzaga.
O ritmo que o cantador aplicava à viola, a introdução que era feita para entrar na cantoria, chamava-se baião, e eu achava aquela mistura ritmo-melódica interessante. E começamos a desenvolver nossos temas, eu achei que o baião era a pedida certa.
A Morte do Vaqueiro
Luiz Gonzaga
Bom vaqueiro nordestino
Morre sem deixar tostão
O seu nome é esquecido
Nas quebradas do sertão
Não é preciso que a gente fale em miséria, em morrer de fome. Eu sempre tive o cuidado de evitar essas coisas. É preciso que a gente fale do povo exaltando o seu espírito, contando como ele vive nas horas de lazer, nas festas, nas alegrias e nas tristezas. Quando faço um protesto, chamo a atenção das autoridades para os problemas, para o descaso do poder público, mas quando falo do povo nordestino não posso deixar de dizer que ele é alegre, espirituoso, brincalhão. Eu sempre procurei exaltar o matuto, o caboclo nordestino, pelo seu lado heroico. Nunca usei a miséria desvinculada da alegria.
Não dou esmola
Luiz Gonzaga
Não dou esmola, não faço favor, não ajudo a ninguém, sou pão duro, vivo bem. Quem quiser que faça assim como eu também.
Não conto anedota porque não convém, a alegria que eu tenho não dou a ninguém.
Pelo tamanho do copo se conhece o bebedor; pelo roncado do fole se conhece o tocador.
Gostaria que lembrassem que sou filho de Januário e Dona Santana. Gostaria que lembrassem muito de mim; que esse sanfoneiro amou muito seu povo, o Sertão. Decantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes. Decantou os valentes, os covardes e também o amor.
Quero ser lembrado
Luiz Gonzaga
Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão,que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor.
Tanta coisa nesse mundo
Luiz Gonzaga
Tenho visto tanta coisa nesse mundo de meu Deus, coisas que prum cearense não existe explicação. Qualquer pinguinho de chuva fazer uma inundação, moça se vestir de cobra e dizer que é distração. Vocês cá da capital me desculpe esta expressão. No Ceará não tem disso não.