O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!
Sou uma cética que crê em tudo, uma desiludida cheia de ilusões, uma revoltada que aceita, sorridente, todo o mal da vida.
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços… São os teus braços dentro dos meus braços, Via Láctea fechando o Infinito.
A ironia é a expressão mais perfeita do pensamento.
Eu quero amar, amar perdidamente. Amar só por amar.
É pensando nos homens que eu perdoo aos tigres as garras que dilaceram.
Eu não sou boa nem quero sê-lo, contento-me em desprezar quase todos, odiar alguns, estimar raros e amar um.
Não és sequer a razão de meu viver, pois que tu és já toda a minha vida.
Diz-me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível? E é isso que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive.
Longe de ti são ermos os caminhos.
Não há dores eternas, e é da nossa miserável condição não poder deter nada que o tempo leva, que o tempo destrói: nem as dores mais nobres, nem as maiores.
Tenho por ti uma paixão tão forte, tão acrisolada, que até adoro a saudade quando por ti é causada.
A vida é sempre a mesma para todos: rede de ilusões e desenganos. O quadro é único, a moldura é que é diferente.
Tão pobres somos que as mesmas palavras nos servem para exprimir a mentira e a verdade.
Beija-me as mãos, amor, devagarzinho... Como se os dois nascêssemos irmãos,
aves cantando ao sol, no mesmo ninho.
Há uma primavera em cada vida. É preciso cantá-la assim florida, pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
Que filtro embriagante me deste tu a beber? Até me esqueço de mim, e não te posso esquecer.
Longe de ti há noites silenciosas, há dias sem calor, beirais sem ninhos! Meus olhos são dois velhos, pobrezinhos.
Gosto da noite imensa, triste, preta. Como essa estranha borboleta que sinto sempre a voltejar em mim.
Quem disser que pode amar alguém pela vida inteira é porque mente.
Se penetrássemos o sentido da vida seríamos menos miseráveis.
Para as traições, para as mentiras, para o que é vil e falso, tem a gente remédio: tem o orgulho; mas para a dor que te faz mal, para essa nenhum remédio há.
O silêncio é às vezes o que faz mais mal quando a gente sofre.
A vida é apenas isto: um encadeamento de acasos bons e maus, encadeamento sem lógica, nem razão; é preciso a gente olhá-la de frente com coragem.