É fogo!
Eu faço um café
pra sentir outro gosto,
nosso último beijo ficou
no meu paladar
de um jeito
que nem halls preto
apaga o seu sabor.
Em tempos
de gente seca,
chova amor.
Ela era a pessoa errada,
no momento errado
e no local errado.
Mas, sabe,
nunca gostei das coisas
certinhas dessa vida.
Quero ser
o espaço de tempo
entre cada poema
que sai de sua boca.
Desde quando
a poesia se tornou
sinônimo de você?
De arma em punho
atiro entre meus olhos
quantas vezes forem necessárias,
até que as balas de borracha
apaguem tudo aquilo
que você escreveu em mim.
Nosso amor entrou pelo cano!
Acho que por deixar
o coração muito aberto
desperdicei amor demais.
Se for pra acabar
que acabe com dor
lentamente
pois é isso que eu sou
intenso e exagerado
às vezes até poeta
e comigo
o estrago só presta
se for grande.
Leve-me ao teu corpo
e do teu amor, lave-me.
Mas canta, amor,
canta baixinho
no meu ouvido
aquela canção
que tocava
na primeira vez
que nossos lábios
se tocaram.
Às vezes eu sinto falta
da época em que a saudade
não passava de poesia.
Desculpe-me
o poema fora de hora.
Eu juro que ele saiu
involuntariamente
em resposta
ao teu sorriso.
Não pude resistir
mesmo o seu olhar me dizendo:
vou te deixar em pedaços!
A distância nos fazia amar
em épocas distintas.
Eu, um amor lírico e sereno
a amava no passado.
Já ela, aquela paixão arrebatadora
me amava no futuro.
E mesmo com esse maldito horário de verão,
nosso amor sempre foi atemporal.
Não amei mais mulheres
que o Martinho da Vila
nem escrevi mais poemas
que o Paulo Leminski.
Não entendo de amor
mais que o Roberto Carlos
nem ao menos tenho o charme
do Alexandre Nero.
Pra falar a verdade,
a única coisa que tenho
nessa vida é você,
e isso já me basta.
Se flores comigo
eu cravo:
serei sempre o teu jardim.
Eu não sou nenhum Leminski
nem você se chama Alice
pra rimar com ali se visse
ou completar com Alice viu
mas de ver que é controverso
o avesso vir e o vice-verso
eu valso o verso em vosso ventre
e só ali eu sinto, só ali se sente.
De carne fraca
só o coração
abatido
que atrofia
toda vez que eu escrevo
sobre sua ausência.
Amor é liberdade
Não o prenda
Com NÓS
Depois de um tempo
Marcam e machucam
Use laços
Eles não são feitos
Para prender
E sim para
Enfeitar o seu PRESENTE.
Meu coração
está de mudança
para a reciprocidade.
É um lugar mais tranquilo
com poucos habitantes.
Sempre fui assim
O que me falta de juízo
Sobra em amor.
Coloco as dores
Nas prateleiras
Mais altas.
Dificultam o acesso
E facilitam
O esquecimento.