Dias de folga da Seleção
Tite
O que trago como ideia são períodos de folgas nos intervalos das partidas. Você quer namorar? Vai. Você quer encontrar os seus parentes? Vai. Quer fazer um churrasco e beber com os amigos? Vai. Não sou paternalista. Cada um assuma a sua parcela de responsabilidade em cima dos seus atos. Não vai ficar com o técnico a repressão e a coação.
Essencial para ganhar
Tite
Se não tiver alma, comprometimento grande com o grupo, sem vaidade, não consegue.
Não tenho condição de prometer a conquista da Copa do Mundo. Não sou demagogo. Claro que quero vencer. Sou otimista. Mas é raso falar isso. Todos que estão aqui querem. O processo que é importante.
Na seleção, o atleta tem que ter responsabilidade. Cada um precisa desse combustível. Somos seres humanos, somos emoção. Queremos ter momentos agradáveis dentro de uma seleção.
Eu me abro, me exponho, não tenho medo de falar o que penso e o que quero. Elogio e crítico no mesmo tom. No intervalo de um jogo, ainda nesse período de adaptação, passei a minha verdade aos jogadores. Isso é fundamental.
Tive de reinventar-me na Seleção, porque venho de trabalhos em clubes. É diferente dar a metodologia e induzir a forma de pensar o jogo numa Seleção.
Ambição de ser titular
Tite
Ambição de ser titular todos tem. É normal que tenha. E todos vão buscar dessa forma. Eu falo para ele o que vale para todos. A bola fala e o campo fala. É lá dentro que se fala que se consegue a vaga. É no campo que se mostra. Todos querem ser titulares.
Saída do Corinthians
Tite
Tínhamos estabelecido um plano no Corinthians, mas aí surgiu a seleção brasileira. Fui vaidoso, orgulhoso, sei lá, e interrompi o projeto no Corinthians para realizar um sonho pessoal.
O 7 a 1 é um fato real, temos que nos acostumar. Enquanto não tiver um novo jogo, vão fazer memes, vão falar sobre isso.
Não existe perfeição
Tite
Perfeição não existe. Vamos fazer uma brincadeira: pegamos a criatividade do Messi, o lúdico, juntamos o um contra um do Neymar e misturamos com a verticalidade e os gols do Cristiano Ronaldo. Acrescenta, se possível, um pouquinho de Griezmann. Não seria humano!
Prefiro usar outro termo: plenitude técnica, mental e física. Messi e Cristiano Ronaldo estão na plenitude. Tomara que cresçam mais, mas, para mim, não vão crescer mais. Já o Neymar é diferente, está no processo de evolução.
Sentimento de derrota
Tite
O sentimento é o ruim de perder, isso tem, temos que saber absorver. Mas também temos que avaliar esses aspectos de desempenho.
O futebol tem uma representação da emoção. A política tem uma responsabilidade muito maior, que é anticorrupção e o voto consciente. Não se deve confundir uma coisa com a outra.
O futebol é uma ideia e também uma metodologia. O treinador passa os seus princípios e aplica nos treinos. Isso, claro, sem se esquecer da gestão, do lado humano.
Não me sentiria à vontade com nenhum político. O meu meio é o futebol. A responsabilidade do técnico é ser democrático, transparente, e não misturar com o outro lado.
Princípios do futebol
Tite
O futebol traz por si só a responsabilidade de vencer por alguns princípios e não a qualquer custo.
Um grande time precisa saber de três coisas: sair jogando, contra-atacar e fazer pressão média. É o que procuro e é isso que já temos.
O título serve, também, para a valorização do técnico brasileiro. É uma forma natural, a gente vê quem está do outro lado (no exterior) como melhor. É aquela história da namorada: a do outro é sempre melhor, até a gente perder a nossa namorada.
Vou falar uma vez só. O Tite segue a vida dele, e o Luiz Felipe segue a vida dele. Tudo que eu falei ali eu assumo. (Depois de ter falado que Felipão “fala muito” em um jogo contra o Palmeiras.)
Somos campeões invictos. Só que os outros campeões invictos da Libertadores conseguiram com seus oito jogos. Fazer em 14 eu não tenho a dimensão do que significa, mas que vai demorar muito para acontecer de novo, isso vai.
Em cinco minutos você mostra o que precisa...
Ganhamos a Copa das Confederações de 2013 e, com isso, foi criada uma expectativa muito grande e forte para a Copa de 2014. Tudo que fosse menos do que o título e jogar com espetáculo era insuficiente. Foi desumano! Os jogadores e o treinador passaram por uma pressão desumana. Foi muito forte.
O lado didático é desafiador. Às vezes sou incisivo, às vezes sou brando e paternal.
As pessoas me conhecem, sabem do que eu gosto... Estilo de jogo apoiado, uma equipe que saiba sair a jogar com triangulações e chamando o adversário, impondo velocidade e procurando recuperar a posse de bola no ataque.
Não teve acaso, não teve sorte. Esse negócio de "sorte de campeão" é a melhor maneira de desprezar o trabalho de alguém.