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Foi melhor desistir de nós

O tempo não apaga momentos incríveis de nossa memória, muito menos pessoas que amamos de nosso coração. Mas, às vezes, nem o amor é o suficiente para manter uma relação e desistir é a melhor saída.

Presente do indicativo

Eu estou aqui. É preciso me lembrar várias vezes de que eu continuo aqui e que isso, por si só, é o único motivo possível para se querer continuar em frente. Estar aqui é ter vindo de algum lugar e melhor, de algum lugar com você. Que enquanto viemos juntos, o caminho foi escarlate e dos mais bonitos que já vi. Que esse romance inacabado é parte das palavras que morrem na língua e renascem na memória do que é intocável.
Agora caminho só e não significa solidão, e sim solitude, que é a glória de estar só. Amor é terra de ninguém, é encontro e, olha só, nos encontramos a fim de entrar em erupção, a fim de desenvolver uma nova teoria sobre sentidos e afetos. Duas almas dispostas a desafiar tempo e o espaço.
Desistir parece amargo, mas é agridoce. E corajoso. É pular sabendo que pode cair. Me preocupo onde seu caminho sem mim vai dar, até entender que não me cabe nem onde o meu vai chegar, que daqui pra frente o que existe é tudo aquilo que você deixou de som pra ilustrar esse caminho de cor ainda misteriosa. A natureza não desiste, tudo se reinventa. Você é uma parte extraída do meu melhor discurso, fragmentos de sol e chuva, mais pra frente de um sol e de uma chuva, até eu parar de escrever pra encostar em você e aprender que não me matei cortando os impulsos. Que só abri as mãos e soltei o que não podia mais segurar.
Estar aqui é poder voltar ou seguir, e voltar pode ser retroceder, que onde não há novidade, as células morrem. É preciso outras erupções e outros abismos. É preciso estar aqui e não onde já estivemos um dia. O único lugar certo é aqui.
Eu estou aqui. E você, de algum jeito, também está.


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Raso

Desisti do seu amor rasante. Desisti de ser amada só um pouco, de ser quista em medidas controladas. Eu não podia mais dividir uma alma despida com alguém que controla os quereres, com alguém que subtrai afetos.
Foi melhor e é melhor estar só e não mais em dúvida. Não mais com medo de que esbarrasse por aí com sentidos incontroláveis e se permitisse como não fez comigo. A culpa não é sua. Às vezes, estamos tomando um café numa padaria qualquer às cinco da tarde de uma terça-feira e o amor nos sorri. E tudo aquilo que era calculado ou concreto fica abstrato e pouco palpável. E a gente tem que saltar nessa direção no mesmo minuto. Ao mesmo tempo. E entre nós, eu saltei antes. Eu saltei antes mesmo de sorrir pra você. E não há nada errado em juntar fichas por um longo tempo e apostá-las todas de uma só vez. O sabor das urgências e das imprudências é um vicio dos românticos. A desistência é o limite do corpo e não da alma. Eu desisti de nós e não de você. Desisti de acreditar que você vai acordar diferente, que se assim fosse, então não seria mais você e então o que eu amaria? Eu o quero exatamente como o conheci e tentar driblar a natureza das idiossincrasias suas é amar com condições. E se tem algo que não desisto, é de amar acima de qualquer condição.


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De tudo que vai o que fica é um passo para trás

Tudo está indo embora o tempo todo e o que vai te manter em pé é o que ficou pra trás. É a certeza de que existe sim algo pelo qual se queira lutar. Nem que seja só pra sentir aquilo de novo, talvez de um jeito novo ou de uma paisagem diferente. A verdade é que nós somos feitos de saudades. O tempo todo sentimos falta de coisas que já vivemos. A maior distância é o passado. O minuto que mal acabou já é tão intocável quanto uma memória de três anos atrás. E nesse vácuo que é o pretérito, o único som presente é o silêncio. E quer maior respeito pela saudade do que o silêncio?
Desistir de nós é só hoje. O que a gente sabe sobre depois? Nada.
As coisas acabam, elas precisam. Amores não acabam, mas às vezes, precisam.


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Flores

As suas digitais
costuram os arrepios,
em romaria até meu ouvido
Vou esquecer os sabores
e as flores
que pintei em você
vou rasgar as cores
e as dores
pixar os corredores
com o que não vai ser
pra todo mundo ver
o que vai morrer em mim
assim
como jardim
que não quis cuidar
Mas eu queria
eu queria que você ficasse
que você estivesse
que fosse verdade
o que quis pra nós
Pensei em dias de sol
domingos de lençol
a cidade assistindo
cada coisa que sinto
Pensei em puxar o freio de mão
entrar na contramão
qualquer coisa
só pra ter mais tempo
de ouvir bater seu coração
Eu queria que você ficasse
que você estivesse
eu queria que não fosse
desses
que morrem dentro da gente
numa tarde quente,
na fila do banco
ou durante o banho
Mas as suas digitais
costuram os desafios
de sobreviver depois
Já esqueci os sabores
e as flores
que pintei em você.
Vou rasgar as cores
e as dores
do que não foi
pra todo mundo ver
que em mim você vai morrer.


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Muito prazer

No final, a única coisa que vai continuar viva é o que foi visto pelos nossos olhos, os meus e o seus desenhando a céu aberto o que as nossas mãos sozinhas não fariam. O que vai continuar é o que te transformou e o que eu não sei apagar. Muito prazer em ser luz, feito sol se pôr em teu diafragma risada que nasceu do palato meu.
Muito prazer, mas aqui solto os grilhões e feito leopardo que fugiu da jaula corro em busca de algum sinal de vida por entre as vegetações secas. A gente se confunde com o outro. O amor busca a unidade.
Hei de me reencontrar por aí, de dormir abraçada com a liberdade até que a morte nos separe.
Mas muito prazer, muito prazer em dividir os vinhos e os cigarros, as sobremesas e os abraços. Que agora vinhos, cigarros e sobremesas são só pra mim. Os abraços? Há sempre quem tenha dois braços dispostos e se não tiver, eu invento.


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A persistência da saudade

Essa coisa de lembrança é mesmo uma cilada, sempre me aponta o dedo na cara e sem escrúpulos: pode ser uma terça-feira bem cedinho ou essas madrugadas que passo em claro.
Há um ano eu desistia do amor. Desistia da gente.
Agora, olhando daqui, quanta coisa, não? Quantas novas sensações depois de nós. Um mundo inteiro coube no último ano. E eu que julguei impossível virar os sentidos do avesso de novo, percebo que o amor de agora é sempre maior que o de ontem.
Essa coisa de afeto é mesmo uma cilada, sempre me aponta o dedo na cara e sem escrúpulos: eu ainda não sei nada sobre o amor.


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Terceiro ato

Medo eu tenho do terceiro ato
onde sempre termino só,
adiando os fins
acreditando salvar a solidão de mim.
Me agarro,
à lonjura do segundo ato
que é pra colocar molduras
enfeitar as feiuras
que chamam de aprendizado
O início é pintura,
abstrata fartura
ternura
lindo é o primeiro fato.
Medo eu tenho do terceiro ato
onde sempre termino só,
faz órfão o tato
rasos contatos
as mãos que não estão mais na cintura
desencontro das loucuras,
das misturas
saudade dos hiatos,
o olfato
É tortura.
O medo era do terceiro ato
agora, daqui
tanto faz:
as presenças não são reais
sempre termino só.


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Renunciar solenemente

Já são tantas as suas idas, que não suporto mais suas vindas. Ele volta e a vida vai, a vida volta e ele vai. Eu renuncio às suas ausências, eu abdico dos seus descasos. Eu me recuso a afundar nesse teu infinito solitário. Mergulho no azulejo frio do banheiro e é mais reconfortante do que seus últimos abraços emprestados. Se dados fossem, eu saberia. A gente sente. Me afasto. Só sinto por isso, sinto por não renunciá-lo antes, saí demais machucada. Demais subtraída. Me tiro da sua vida como quem pede penico, eu perdi. Você é melhor nesse jogo, desisto.


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O egoísmo é algo que dói no nosso corpo

Respiro fundo pra tentar aliviar esse peso que incomoda as costas e o pescoço, há quanto tempo convivo com isso? Já nem reclamo mais.
O sol ainda está tímido e preguiçoso, é bem cedinho, o dia ainda está acordando. Sento na cama e olho para o seu lado, onde você não está e tudo que tem é um travesseiro lisinho, frio e intocado. Quase nunca acordamos juntos nos últimos meses e tento lembrar de alguma vez, só para sentir aquele gosto de manhã completa. Odeio a sensação de que algo ficou pra trás enquanto eu dormia, e vou ter que começar o dia mesmo assim.
A memória de uma manhã qualquer desfila nos meus olhos: seus olhinhos amassados e abrindo um sorriso que ofusca qualquer sol do meio-dia. Não temos mais isso e é tão injusto não termos isso com outras pessoas, não estamos felizes e ainda assim insisto em privar-nos de manhãs como aquela.
Pego seu travesseiro e o amasso, bagunço um pouco o seu lado da cama e decido que hoje dormirei no meio da cama, sozinha. Por um segundo isso me assusta e depois, gosto da ideia. O egoísmo é algo que dói no nosso corpo. Eu quero acordar sem dores.
Abro as janelas, troco os lençóis e me permito sabotar a rotina. Ando pela casa, rego as plantas, tomo refrigerante ao invés de café e começo a flertar com o sabor de se fazer o que quiser. Nada está errado, só existe a tua vontade. A minha vontade.
O amor-próprio é algo que cura nosso corpo.


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Desfaz

A certeza do seu rosto já me escapa
Aos poucos, já não te sei de cor
Um dia a mais
E questiono se era verdade
Por entre os dedos
Escorrem farelos de imagens
Que nem sei
Se era
Ou inventei
O som do seu riso já é baixinho
quase sumindo
e nem me lembro
se um dia mesmo ouvi
As suas partes ficam granuladas
E eu procuro a nitidez em algum lugar dentro de mim
e não encontro
A angústia que é
Os dias que fogem rápido
e fazem desconhecer
tudo que era de você
Será assim o desamor?
No tempo ele fica adormecido?
E algum dia
totalmente
esquecido?
Se for
então que durma
em algum verão
só pra manter
sempre aquecido.


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Mesmo assim

Fumo o último cigarro do maço olhando para o teto, a luz amarela do abajur ilumina parte do seu rosto. Imerso num sono profundo, sono de prazer satisfeito. Alguma coisa está errada, não estou feliz. Não tem sido bom.
Há alguém em minha casa, existe alguém fazendo do seu corpo, moradia. Meu lar foi invadido. Sinto que pequenos cômodos já não são meus. E eu, o que faço?
Desde que fui, corri esse risco, mas assistir é sempre pior do que imaginar.
Não nos víamos há alguns meses, não transávamos há alguns meses. E o que mudou? Nada. Ainda somos pares incompatíveis. Não encaixa.
Não consigo lidar com o amor que não sente por mim, não consigo ver a foto dela no seu quarto, nunca houve foto minha. Não fosse meus chinelos espalhados, meus grampos de cabelo caídos no chão, o post it escrito “Existem sete bilhões de pessoas no mundo e não preciso conhecer todas elas pra saber que você é minha preferida”, não fosse o azeite espanhol que usei uma vez e ainda está quase cheio, ninguém saberia que eu estive aqui. E eu estive tantas vezes.
Entrar na sua casa hoje, depois de tudo, depois do fim, depois do cara que conheci, depois dela, depois de hoje, depois da risada gostosa que demos pouco antes de você me beijar, foi a coisa mais esquisita que aconteceu comigo.
Eu não faço mais parte desse lugar e essa era minha única certeza na vida.
E se agora não é? Então o que é? Estou com medo de sobreviver somente na lembrança de um dia sentada na sua varanda, plantando um girassol, afirmar a coisa mais difícil da minha vida: “Eu não estou inclusa no seu futuro”. E você me olhou triste e fez um silêncio que concordava comigo. Aquele silêncio me assusta até hoje.
Depois de alguns minutos, tudo que você me disse foi: “Precisa de mais terra aí.” Coloquei mais terra. Sempre pensei nisso como uma metáfora para que eu enterrasse meus sentimentos.
Depois que você desceu para comprar cigarros eu chorei até terminar de plantar. Improvisei uma plaquinha e antes de fincar no vaso, escrevi: “Eu vou te amar mesmo assim. Pra sempre”. E fui embora antes que você voltasse. Descia as escadas e me lembro de pensar que você compraria o cigarro mentolado porque eu prefiro.
Hoje, quando entrei aqui notei que meu girassol está lindo. Desconfio que realmente plantei sentimentos ali.
A placa ainda está lá e eu me emocionei quando vi que você escreveu embaixo “Eu também”.
Agora, aqui, enquanto dorme, eu percebo que você me ama mais do que eu sempre achei. Não o suficiente pra realidade, o suficiente pra eternidade.
Pra que uma história nunca termine, ela nunca deve começar.
A nossa história nunca começou, meu amor.
Que toda minha insegurança seja perdoada. Agora entendo que nunca foi você, era sobre mim.
Daqui pra frente, vou só, nos deixo em seu jardim.
Te amo de modo que influencia a órbita desse planeta.
Bom dia.


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Leito

Ao meu amor, o repouso. O merecido descanso.
Deixar viver dentro, só dentro. Acolhido por todas as borboletas que são eufóricas no timbre da sua voz.
Deve ser quentinho lá. Talvez fique melhor acomodado por lá do que aqui.
Baixinho, quietinho. Parecendo esquecido no silêncio. Parecendo. Um dia me lembro e aí te amo de novo. Mas por hora não, por hora chega.


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Turquesa

Se fosse amor eu saberia
e não é
mas então o que é isso
que não quer me deixar
voltar pra casa?
O que é a vontade
de querer fazer parte
de ser o encaixe
que te faz deixar tudo pra mais tarde?
De ser um pouco do espaço
que separa seus pés do chão
o vão
que te arranca da solidão
De ser a metade de alguma coisa
que te deixe inteiro
De ser parte do meio
do seu ponto certeiro
De estar lá quando você precisar
rasgar os domingos
em que teus amores bandidos
te fazem ferido
Eu vou pintar suas paredes
de turquesa
pra que sempre
amanhecendo, esteja.
Eu vou tecer seus delírios
de um jeito abstrato
encher as suas mãos
de temporal e ruído
Mas só pra você se lembrar de mim
Eu vou pintar suas paredes
de turquesa
enfeitar a mesa, buque de lírios
qualquer surpresa
Mas tudo isso
só pra você
se lembrar de mim.


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Cansaço

Às vezes, a gente cansa. Assim, um dia a gente acorda e não quer mais se dedicar para o outro. E não há um culpado por isso, é o curso natural das relações. A gente desiste porque parece a única coisa que você tem força pra fazer ainda.
O anos não foram roubados, o tempo não fora perdido. O amor vale a pena e eu estive enterrada nele por todo esse tempo. Até não querer mais estar coberta dele, até achar que o que podíamos extrair de nós, já extraímos. Que agora a única coisa que me parece boa é uma pequena fresta de esperança que fica atrás do nosso fim.
Eu cansei e não foi de você, foi disso tudo. Tem que haver outra coisa pra mim. Pra você também. Não iremos mais nos machucar com nossos abandonos, nunca fomos dos casais mais tradicionais, então não deixemos o amor morrer como tantos outros fazem. Ainda é tempo de guardá-lo num bom lugar.
Eu cansei, mas não foi só de você.


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Não sei se foi melhor

Era minha única alternativa se considerarmos que viver longe de você estava fora de qualquer possibilidade. Você queria que fôssemos amigos, e somos. E só somos porque um dia desisti de nós. Porque tive que engolir o amor que sinto e conviver com isso. Pra estar perto, pra ter as cores que você traz. Pra ter sol. Pra ter todos os seus planos, detalhes guardados na memória. Transcende qualquer outra coisa. O amor está depois disso. Não ser a mulher da sua vida, não ser teu desejo são só obstáculos do ego humano. Eu tenho aquilo que você pode me dar e, cá pra nós, eu tenho seu afeto mais genuíno. E eu te dou o que eu posso: minha alma.
E a alma é tão grande, e ela pode ser de tanta gente, e estar em tanto lugar que gosto de pensar que a minha está onde a sua estiver.
Que amor é isso: exagero. E se desisti um dia, é porque não aceito amor pequeno.


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