Viva a diversidade
Djavan
Por ser negro, tenho uma conexão natural, orgânica com a música negra. Seja jazz, música africana ou brasileira, não tenho dificuldade de caminhar por diferentes estilos. Tive uma formação bem diversificada e saber tocar tudo era valorizado no início da minha carreira. Buscava na minha adolescência saber como se fazia bolero, jazz, música africana, flamenca e a brasileira de um modo geral. A música que eu faço decorre dessa formação. Por essa diversidade, a minha música atinge públicos diversos, de diferentes idades,classes sociais, raça e religião. Nos meus shows, vão desde crianças a adolescentes, adultos e mais velhos.
Sou homem de poucos amores, nunca tive muitos amores não.
A música para mim é mais do que um ofício, a composição é uma necessidade física. Preciso periodicamente trazer novas palavras, novas melodias e harmonias. Comporei e cantarei até o final da minha vida. Tenho essa inquietude.
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Eu aprendi muito mesmo vendo as pessoas. Eu fingia que não estava olhando para a pessoa não fazer jogo duro, mas estava pescando tudo ali.
Fazendo uma música
Djavan
O momento em que eu descobri que estava inventando uma canção, eu tomei um susto enorme. Meu coração disparou porque aquilo era um coisa impensada, eu não imaginava compor.
Tudo que construo tem que ter a minha cara. Construir é como fazer um arranjo de musica. Tudo tem princípio, meio e fim. Também cor e proporção. Trabalho consciente de que estou criando algo meu, pessoal. Assim também é na música, na letra e na harmonia.
Meu sonho é acordar todos os dias com um projeto novo, que é descobrir, aprender, estar sempre aberto para o que vier. Tenho uma impetuosidade pelo novo. Meu sonho é não perder isso. O prazer de viver com o novo. Eu espero manter essa curiosidade.
O disco não acaba nunca. A gente é que o abandona. Depois de pronto, eu só escuto para colocar defeito. Não consigo me desprender.
Responsável por uma parte importantíssima no meu processo de composição, ela me ensinou a contemplar. Tínhamos uma casa na esquina, com uma varanda bem grande e lá ficávamos olhando o céu. Ela me ensinava o nome das constelações, das estrelas. Me ensinou também nomes de árvores, plantas e me fez um apaixonado pela natureza e pelas matas.
Deus ajuda quem...
Djavan
Dizem que quem trabalha, Deus ajuda, então, eu trabalho muito e há muitos anos sem parar. Trabalhar é o que me mantém.
As várias formas do amor
Djavan
Ela fica em cada um de nós. Não é um disco temático. Amor não é tema, amor é vida. Comecei a escrever aleatoriamente e descobri que estava usando o amor como elo de ligação para falar de sensações como remorso, medo, incompatibilidade, insegurança, o amor platônico, o não-amor, o amor maduro.
Gostaria de ter um texto bacana para falar sobre isso. Todo mundo espera que se tenha um ritual. Mas inspiração é sofrimento, muito trabalho. Só componho quando preciso. Sento e faço doze canções. Com trinta anos de carreira, tenho muito mais autocrítica e preciso ter a ilusão de que não estou me repetindo.
Minha mãe era uma mulher incrível. A sua escolaridade era pequena, mas ela tinha um enorme saber e era extremamente musical. Foi ela quem me introduziu na música e trouxe a sensibilidade vocal da mulher para o meu canto. Desde cedo ela me mostrava Dalva de Oliveira, Angela Maria, Ella Fitzgerald, Billie Holiday dentre outras grandes cantoras. Meu canto é influenciado pela mulher. Graças à minha mãe.
Não quero privilégios. Nascer com voz já é um privilégio. Não entrar em fila? Detesto que cedam a vez para mim. Acontece muito isso. As pessoas querem ser gentis. Mas não precisa tanto.