Se o Tchan conseguiu entrar na TV e no rádio falando "mete em cima, mete em baixo", eu consigo também.
Passo dois, três dias em casa com a minha família e o resto é tudo fora de São Paulo. E quando estou na cidade só fico fazendo show, show e show. Dou uma entrevistinha, faço foto. É muito corrido.
Todos os shows que estou fazendo tão dando lotação máxima, graças a Deus. Principalmente fora de São Paulo, porque o povo fica com mais expectativa.
Orgulho da família
Tati Zaqui
Minha mãe sempre me viu com esse sonho de cantar. No começo ela ficou assustada falando “funk, Tati? Senta?”. Falei pra ela ficar calma que as coisas iam dar certo, que ia ser difícil. Mas agora que as coisas estão dando certo ela fica mais tranquila. Hoje ela vê os ídolos dela cantando e dançando minha música na TV e fica orgulhosa.
Ouço tudo. Reggae, sertanejo, depois passo pra sofrência. Ouço mais funk para me atualizar, mas escuto de tudo um pouco.
Fui fã de chorar, de passar uma semana na fila, de ser a primeira brasileira a comprar ingresso dele aqui. Sim, gente, amava muito. Eu era apaixonada por ele, já fiquei em depressão por causa dele a ponto de ter que fazer tratamento com psicólogo.
Recebo críticas sobre minha voz de menininha, meu estilo que falam que é de sapatão porque curto boné e usar calça larga. Reclamam de tudo, mas nem ligo.
Entre quatro Paredes
Tati Zaqui
Homem pode pegar todas, falar que é cachorrão. Não faço música de putaria, mas quando uma MC faz um som falando que vai fazer isso todo mundo fica em choque. A verdade é que todos mundo faz isso entre quatro paredes.
No mundo do Funk
Tati Zaqui
Sabe como é, cobra querendo comer cobra.
Sempre tive que trabalhar para ter o que queria.
Reconhecimento
Tati Zaqui
Meu sonho sempre foi ser cantora e ser reconhecida no mundo da música.
"Água na Boca" é um ritmo latino e seria ótimo viajar até o México.
Não deixo ninguém pisar em cima. Todo artista tem que ser tratado igual, independentemente de ser homem ou mulher.
Acredito que o preconceito está cada dia acabando. Claro que tem muita gente que critica, homem que fala que a gente não presta. O jeito é ter foco e deixar as críticas pra lá.
Foram cinco anos tentando e agora tem um ano e meio que consegui. É difícil, né? Entrar na mídia assim com uma música estourada.
Se estou inspirando elas para fazer música certa, música boa, já fico feliz. Tanto na música quanto no cabelo. Fico feliz de ser uma inspiração para alguém. Já fui e sou muito fã da Dulce Maria e a influência dela só me fez evoluir para melhor.
Há um preconceito contra o funk. Não acho que tem algo que possa impedir de ser hit de Carnaval.
Já fiquei com outras meninas e com meninos. Não tenho rótulo. Vivo do momento.
Estou sem tempo de conhecer alguém. Mas se eu perguntar no Facebook, candidato vai ter.
Nunca fiquei com fã, mas ficaria, se a pessoa se mostrar diferente.
Algumas semanas depois eu conheci o MC Kauan e fizemos um show juntos. Esta foi a primeira vez que subi em um palco. Fiquei nervosa, mas dei conta.
É sempre bom ver uma mulher comandando o baile.
Tenho mais facilidade em escrever coisas de baladinha, mesmo nunca indo curtir balada. Porém, tenho muita composição de balada, recalcada, críticas. Aliás, já tô zica de escrever música de recalcada.
Estilos Musicais
Tati Zaqui
Precisava ser alguém na vida. Fiz meu curso de comissária, me formei e quando estava perto de fazer a prova da ANAC conheci o Mc Kauan. Comecei a admirá-lo demais, embora nem ser do funk na época, curtia outros estilos musicais.
Na verdade gostava de compor desde pequenininha, só que era compor por compor. Só fazia pra cantar para minha mãe e para os meus amigos. Eu queria ser cantora, mas não tinha tanta segurança que ia dar certo, não corria atrás nem nada.
Não dá tempo de conhecer ninguém. Cinco meses sem dar beijo na boca.
Desde os sete anos eu fazia composições e ficava cantando - na escola, na quermesse, em qualquer lugar. Era Xuxa, música italiana de novela, tudo do meu jeito, no "embromation". Todo mundo ficava admirado, mas fui levando como um hobby. Até eu postar na internet uma música que fiz em homenagem ao MC Kauan [outro funkeiro de São Paulo].
Achei meu lugar no funk. Sou espontânea. Posso me soltar, conversar com o público, ser quem sou, não preciso fingir.
Água na Boca é um funketon e não tem nada de maldade.
Nunca tive reconhecimento postando covers no YouTube, e agora no funk tenho gente que fala que é meu fã.
Nos shows tem assédios de homens e mulheres. Sempre digo que fico com quem me faz bem, menino ou menina. Nunca tive nenhum relacionamento com mulher, mas já dei uns beijinhos, nada sério.
Funk Ostentação
Tati Zaqui
Ele já teve sua época. Não tenho nada para ostentar. Acho feio falar que tenho o carro tal, e aí as pessoas me verem no ônibus. Já pensou que vergonha?
Chamar Atenção
Tati Zaqui
Ser mulher no funk é difícil pelo preconceito. É vista como puta, vagabunda. Por outro lado, é mais fácil pois já tem muito homem. Então mulheres chamam atenção.
Antes não tinha condição de comprar tudo que gostava, porque gastava todo meu dinheiro pagando meus cursos. Só agora que tenho a oportunidade de me vestir da forma que sempre gostei. Então, quem criticar que vá morrer pra lá. Eu vou usar o que eu quero.