Mudança de ares
Monalisa Perrone
“A Monalisa Perrone que tomou essa decisão é uma mulher que ama o desafio, que ama a notícia, que adora saber que ela tá sendo desafiada para algo novo. Como dizer ‘não’ para a maior rede de notícias do mundo?”
Depois de 20 anos trabalhando como jornalista da Rede Globo, durante seu último trabalho na casa, no comando do jornal Hora 1, Monalisa tomou a decisão de mudar de emissora, aceitando o convite feito pela CNN Brasil para ser uma das suas mais novas titulares de telejornal. Isso aconteceu em 2019, e logo depois de ser anunciada pela CNN Brasil como sua nova contratada, ela explicou o que a fez sair da Globo depois de tantos anos de casa.
Jornalistas unidas
Monalisa Perrone
“Hoje, a abertura do Expresso CNN é diferente. Eu, como mulher e jornalista, com 28 anos de carreira, repudio com veemência os ataques que a minha colega Daniela Lima tem sofrido. Preciso terminar dizendo algo: inaceitável.”
Após uma fala da apresentadora da CNN Brasil, Daniela Lima, ser mal-interpretada por bolsonaristas, o presidente Jair Bolsonaro desferiu ofensas à jornalista, chamando-a de quadrúpede, pelo possível erro cometido em sua fala. Como sua colega de trabalho, Monalisa Perrone quebrou as regras da própria emissora para poder defendê-la ao vivo de tal insulto. Isso aconteceu em junho de 2021.
“Preciso interromper o senhor, com toda a educação. Nós ouvimos o pronunciamento que o senhor fez hoje, a ideia aqui é que nós conversemos. Então, se o senhor puder fazer a gentileza de ouvir as nossas perguntas e fazer as suas respostas com o tempo que for necessário, aí sim, isso é uma entrevista. O pronunciamento nós já tivemos.”
Eu vou poder buscar ele na escola todos os dias, coisa que sempre quis fazer, mas nunca pude. Ele está contente porque nunca teve a mamãe em hora útil. É uma compensação, meu lado mãe, sempre culpado pela ausência, está muito feliz.
“Uma coisa tem de ficar muito clara: essa frase ‘eu não sou da sua laia’ não pode ser proferida. Então estou falando aqui pra você, Caio. Nós três temos o compromisso de termos respeito um com o outro. Foi exatamente esse o texto que eu falei com vocês quando nós tivemos o primeiro debate. Então, para as funções de cada um, isso não interessa e o debate está colocado. Que, com respeito, ele prossiga.”
"Preciso interromper o senhor, com toda a educação. Nós ouvimos o pronunciamento que o senhor fez hoje. A ideia aqui é que nós conversemos. Então se o senhor puder fazer a gentileza de ouvir nossas perguntas e fazer as suas respostas com o tempo que for necessário, aí sim, isso é uma entrevista. O pronunciamento nós já tivemos."
“O que passou pela minha cabeça no primeiro momento é: ouça o convite. Depois deu medo, mas deu vontade... vontade de fazer história no jornalismo brasileiro. Ser titular de um telejornal no horário nobre, eu acho que é o desafio que faltava na minha vida profissional. Faltava isso. Essa é uma das razões de falar ‘sim’ para a CNN Brasil.”
Jornalista de sucesso
Monalisa Perrone
Então, estou tentando né? Não sei se deu certo ainda.
É uma responsabilidade gigantesca. Tenho 25 anos de carreira e cobri 23 carnavais. Não existe essa coisa de saber, conhecer, dizer que está tranquilo. É sempre um nervoso, boca seca. Mas aí, quando entra a vinheta, você se sente em casa.
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Amor pelo jornalismo
Monalisa Perrone
Desde criança eu queria ser jornalista. Quando criança, não era sobre brincar de jornalismo, era falar, entrevistar as pessoas. Minha mãe conta que, quando íamos lavar o quintal juntas, eu entrevistava o cachorro, a árvore, a casinha do cachorro. E, aos poucos, as pessoas começaram a me dizer que eu tinha que ir atrás disso, porque eu falava muito. Eu era muito dada, me dava muito bem com todas as pessoas. A vocação veio naturalmente.
É uma conversa, né? Vamos explicar para eles. É só um tricô, uma conversa para não perdermos a interação.
Quais são as maiores manias de jornalistas?
Escorregadio
Monalisa Perrone
Quem consegue tirar uma resposta do Maluf, está apto a qualquer coisa.
No segundo ano da faculdade eu trabalhava numa locadora de veículos, ganhava bem, tinha um uniforme bonito, mas eu tinha que entrar no jornalismo, por causa da faculdade, e não tinha coragem de me jogar. Assistindo você no SBT, percebi que esse negócio de entrevistar era uma delícia. Então pedi demissão e comecei no jornalismo, por sua causa. Você foi uma inspiração muito importante.
Palmeirense
Monalisa Perrone
Quem não conhecia a nossa história pode ter uma ideia do que é ser Palmeiras.
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Maior gafe da carreira
Monalisa Perrone
Uma vez eu matei o Paulo Maluf em rede nacional. Há muitos anos atrás ele havia se internado, escondido, para um tratamento no Sírio Libanês. Os repórteres descobriram, foi aquela loucura, com os repórteres do Brasil inteiro na frente do hospital e eu entrei ao vivo. Eu falei que foi retirado o material e que seria feita a “autópsia” do material recolhido. A louca matou o Maluf. Era biópsia, não autópsia. Eu quase perdi o emprego
Eu sou muito acelerada. Eu como arroz, feijão, bife, legumes e saladas todos os dias, se não eu fico mal e desmaio. Já desmaiei várias vezes. Nas reportagens de rua, os meninos sempre me dão algo para comer.
Inspirações
Monalisa Perrone
Eu sou fã de Sonia Bridi, há muito tempo que eu acompanho o trabalho dela. Da Neide Duarte, da Delis Ortiz. São pessoas que eu vejo há muito tempo no ar e que são inspirações pra mim. São pessoas que me pautam pelo exemplo de onde chegar.
Inspire-se na força destas jornalistas famosas com algumas frases
Assédio sexual
Monalisa Perrone
O cenário mais comum envolve um assediador criando um "ambiente de trabalho hostil", em que uma pessoa se sente assediada, intimidada ou desconfortável. Devemos dar um basta nisso.
Chico Pinheiro
Monalisa Perrone
Chico é um amigão, um parceiro, uma pessoa generosa, querida, e um apaixonado por samba. Trabalhar com alguém como ele é um prazer imenso.
A partir do momento em que recebo o comunicado de que estarei na transmissão, procuro saber do que cada escola vai falar, ouço os sambas e visito cada escola. Por lá, passo duas horas conversando e anoto tudo em um caderno. É dali que consigo levar mais detalhes, coisas que ouvi, para o público.
“Hora Um da Notícia”
Monalisa Perrone
Aumentamos os números no horário, e os elogios têm vindo de todos os lados. Quando aceitei apresentar o jornal, confesso, fiquei com um receio do desconhecido. Mas o desafio é algo que me impulsiona. Eu adoro essa sensação.
Dando conta do recado
Monalisa Perrone
Eu acho que as mulheres não precisam mesmo de uma diferenciação. Mas quando ela vem, eu acho que ela vem com carinho, e a gente recebe muito bem tudo que vem com carinho. No meu caso, especialmente, eu me vejo como uma mulher batalhadora, porque sim, eu sou repórter, mas eu também sou esposa, sou mãe, também sou apresentadora, então eu percebo que eu tenho vários papéis à cumprir. Não é porque eu estou me destacando na vida profissional que os outros lados da minha vida ficarão de lado.
Homenageie os jornalistas que você conhece e incentive-os a sempre buscar a verdade!
O Mariano Boni me falou que tinha um projeto de lançar um telejornal bem cedinho e queria uma apresentadora que acordasse animada e despertasse bem as pessoas. Eu tenho bom humor matinal de verdade.
Eu percebi que o meu esforço, em procurar a naturalidade, tanto em mim, quanto em meus interlocutores, faz a diferença. É muito gostoso ter esse reconhecimento de um júri super especializado. A perna treme.
Entrevistado chato
Monalisa Perrone
Eu tenho vontade de dar um soco quando eu estou entrevistando alguém que não fala. Ao vivo precisa dessa interlocução com o entrevistado.
Eu não esqueço jamais disso. Primeiro aquela horrorosa, aquele cheiro. O cheiro da morte é um negócio péssimo. É muito sangue, uma coisa horrível. Trabalhei, fiz a cobertura deste evento importantíssimo, mas foi muito difícil.
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Jô Soares
Monalisa Perrone
Faz muito tempo que eu sou sua fã. Você é uma inspiração até hoje.
Eu levanto à uma da manhã para tomar um reforçado café: pão com manteiga, queijo, geleia, broinha de milho, café com leite e suco. Depois do telejornal, às seis e meia eu como um sanduíche e tomo uma vitamina. Às onze, onze e meia, eu almoço um bom prato de comida, que inclui arroz e feijão. Às três da tarde eu faço um lanchinho e antes de dormir, às seis da tarde, eu como uma fruta ou iogurte.
A reportagem é mais autoral. Já a apresentação nem sempre. O desafio é esse: colocar pique de reportagem na ancoragem de um telejornal.
As pessoas acordam cada vez mais cedo porque perdem muito tempo com deslocamento. É fundamental oferecer notícias a elas.
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Telejornais que assiste
Monalisa Perrone
O que eu acompanho, principalmente enquanto tomo o café da manhã, é a GloboNews.
O que mudaria no rosto
Monalisa Perrone
Meu sonho era ter bochechas, porque eu não tenho. Ia ficar mais bonita.
Bullying na infância
Monalisa Perrone
A vida toda, eu era a cara da Olivia Palito quando eu era pequena. Me esforço para não ficar igual a ela. O cabelinho virado, magrinha, compridinha, é uma tristeza. Até hoje eu sofro bullying. Até hoje me chamam de pastel de festa: bonito, mas sem recheio. Os meus amigos me chamam de ‘pastelzinho’.
Entenda melhor a importância do jornalismo por meio destas frases