Sou espiritualista, kardecista, um homem que crê nisso. Tenho que fazer algo ou ajudar.
A profissão de ator é baseada em muita dedicação. Gosto de ver o que os outros fazem. Quando um colega compõe um trabalho lindo, é como se eu estivesse fazendo aquele trabalho. Entende? Não tenho essa competição, essa coisa de dizer que fulano faz inveja. Não tenho! Todo mundo tem seu tempo, seu espaço e seu campo, né? A questão é saber aproveitar.
Acredito que não fazemos tudo aqui de uma só vez. Temos que voltar para nos renovarmos.
A coisa mais importante que existe na vida é saber amar as pessoas. Ninguém deveria pensar em vingança, inveja, intriga, despeito, arrogância ou prepotência. Tudo isso traz mal.
Só quero me aposentar quando disserem lá de cima: “Está na hora!” (risos).
O tempo quem faz somos nós. Se pudesse, gostaria de ficar na esquina de uma rua, com um chapéu na mão, pedindo que as pessoas depositassem ali o tempo que eles perderam. Eu falaria: “Não joguem fora o seu tempo!”.
Acho que você tem que continuar trabalhando sempre. Só que está cada vez mais difícil para atores da minha idade. Porque hoje você é avô com 50 anos na televisão, né? Daqui a pouco é bisavô com 60. Você repare, essa coisa da aparência, de ter que ser bonito, gostoso, gostosa, é cada vez mais forte. E a gente vai ficando para trás.
Eu gostava de teatro, gostava de assistir quando era adolescente. E acabei entrando para um grupo de teatro por acaso.
Hoje ninguém consegue fazer teatro direito. A TV engoliu esse tempo. Ela não vai soltá-lo terça, quarta, quinta e sexta às 19h para você fazer teatro. Então você se limita. Mas ninguém que ama o teatro deixa de fazer completamente.
Uma das coisas mais importantes é o ator saber o que quer fazer. E como fazer.
Para mim, o cinema tomou outra direção, não é? As pessoas estão vivendo um momento com grandes comédias, realizações bem populares mesmo. O cinema de arte ficou um pouco para trás, a principal visão é do cinema como grande diversão mesmo. Então, tentar fazer um filme de arte hoje em dia é uma loucura. A fase do cinema de arte ficou pelas décadas de 1960, 70 e 80, depois disso veio outra mentalidade.
Ninguém sabe o que vai acontecer com a cultura neste país, só espero que não a destruam mais do que já está destruída.
Quando você escolhe um trabalho, escolhe o que gosta de fazer. O que é importante para você e para o momento, sobre o que essa obra vai representar para o momento histórico. Não é só fazer por fazer.
Fazíamos nove espetáculos por semana. Hoje, o teatro virou um evento de sexta, sábado e domingo. Ficou parecendo um show de uma banda de rock como o Queen ou do Paul McCartney. Como se pode pagar uma produção fazendo apenas três espetáculos por semana? Não dá.
Hoje se perdeu um pouco do amor pela profissão que tínhamos. O pessoal já entra na televisão pensando em sucesso. E o sucesso é tão fútil! Você acha que hoje é maravilhoso e amanhã não é mais. Você acaba uma novela, amanhã entra outra e as pessoas já esqueceram você. É uma roda-viva.