Alexandre Borges

Eu pensava muito no sentido da felicidade e de envelhecer fazendo teatro. Hoje em dia, já tem uma coisa diferente para mim. Achava que ia atuar até morrer, mas tenho minhas dúvidas. Eu queria descobrir alguma coisa diferente para fazer.

A idade não me assusta. Outro dia, li uma frase interessante: "Jovem é quando você corre em direção à morte. Velho é quando você foge dela". É uma piada que faz todo sentido em relação à alegoria da vida.

O tempo passando é uma preocupação bem masculina, e eu estou vivendo exatamente esse momento. Lembro de quando eu tinha 18, estava começando como ator e pensei: “Até os 40 acho que vai dar em alguma coisa”. Ao mesmo tempo, pego fotos de quando eu tinha 27 e é muito recente.

Tenho vontade de dirigir uma peça, algo pequenininho. Também gosto de psicologia, filosofia, de sacar os mistérios da vida. A gente pode também não ficar no papo-cabeça.

Casamento é pra curtir. Viajar, ir a um restaurante, comprar uma casa juntos, transar, curtir o ócio a dois. É o que quero. Para isso, precisa trabalhar, cuidar da saúde, dividir as contas, o condomínio, o investimento, organizar o cotidiano. Vai se formando um patrimônio emocional, que fica no corpo, na pele. É um laço forte, não é qualquer coisa que desata. Mas motivos podem pintar. Do futuro, não sei.

Sempre fui muito precoce. Com 7 anos, eu via TV e já pirava nessa coisa do ator, me inspirava em Francisco Cuoco, Tarcísio Meira e acompanhava meu pai (o diretor Tanah Correa) no teatro.

Eu tento me cuidar para ficar bonito. Corro, faço musculação e karatê. Ficar feio é fácil. Todo mundo tem seu charme e seu traço particular. Não me acho bonito desse jeito de me olhar no espelho e dizer: “Caramba, que cara bonito!”.

Eu é que sou escolhido, não escolho nada.

Você tem que ser profissional. Nesse momento, entra a vocação, o respeito pelo trabalho e pelos colegas. Acho que, mesmo no sucesso, cada dia de uma novela é uma incógnita. Aquilo que era maravilhoso pode ir para o saco.

É preciso ficar atento. Não pode descansar no sucesso nem se abater com as críticas. Até o último capítulo, tudo é realmente possível.

A vida é ótima, tenho 20 anos de TV Globo, uma família linda, um casamento maravilhoso. Tudo que sonhei. É maravilhoso, mas você tem que se permitir sair dessa zona de conforto. E se? Por que não? Penso como o Bell Marques, do Chiclete com Banana: “Não vou buscar outro caminho, vou buscar outra maneira de caminhar”.

Sempre fui meio mulherengo na escola. Lembro de uma menina, com 7 anos, na primeira série. Outro dia, vi aquelas fotos de escola e disse: era ela. Uma moreninha linda. Sempre gostei de namorar.

Brigo pouco, não gosto de brigar. Gosto de dar liberdade e, acima de tudo, aceitar que o outro pensa diferente de você. Quando tem algum impasse, prefiro deixar o tempo responder.

Em coisas comuns, acredito na intuição feminina. Sou mais ou menos ciumento, não cabe esse sentimento na nossa vida de ator. Perdoaria uma traição, com certeza. Pode acontecer, acho humano.

Eu fui emocionalmente amadurecendo muito rápido e saquei logo que tinha que me virar. Comecei a trabalhar cedo, fiz bicos, vendi salada de frutas na praia, fui corretor de imóveis, trabalhei em sapataria. Sempre quis ter um pouco de independência financeira.

Eu sou assim, de abraçar pessoas na rua. Homem, senhoras, sou receptivo. Não tenho medo de me expor. Mas nunca saí de casa, nunca peguei minhas coisas e fui morar em outro lugar. Já me mudaram para vários lugares, mas nunca teve uma crise daquelas: estamos separados, não conta para ninguém.

Sou muito romântico, de querer babar, dar presente, cobrir de carinhos, sabe? Isso é muito importante também.

Acho que o sexo realmente não precisa mais ser aquela coisa desenfreada, todo dia, mas com o tempo tem que estar se reinventando. Senão, cria marcas no colchão, naquela mesma posição, e já cria um relevo na cama.

Dizem que com a chegada dos 50 as culpas vão embora, as encanações e as coisas fluem. Dizem. Os melhores personagens são para as pessoas mais velhas e agora estou num momento show. Mas uma baladinha, hoje, dormindo às 5h da manhã, já é destruição total. São dois dias de recuperação para ficar de novo com pele de pêssego.

Sou um pai liberal, que se amarra quando o filho diz que quer fazer curso de guitarra ou pede para grafitar o quarto. Dou uma liberdade grande, quero vê-lo feliz.

Os pais podem ensinar, mas a vida está rolando fora de casa.

Tive uma paixão praiana, em 1985, quando eu vendia salada de frutas no Guarujá. Ela era noiva, minha maior freguesa e namorávamos escondido. Me apaixonei e sofri. Fiquei bem gamadão e, quando acabou o verão, fiquei numa fossa danada.