Disse para o Marcos (Paulo, diretor) que essa doença não é para você pensar no porquê, mas para quê está tendo ela. Falei que tudo na vida passa e que temos que viver o momento. O fato de eu ter conseguido concluir a filmagem e poder ter ido à pré-estreia é um exemplo de vitória, um merecimento que Deus me concedeu pra continuar meu trabalho
Eu sei a história do rapaz que me doou o fígado. Ele tinha 17 anos. Quero conhecer, mas vou dar um tempo, pois entendo que essa alegria que eu sinto por estar vivo é correspondente a dor de uma família que perdeu alguém há dois anos. Tudo tem o tempo certo.
Sempre que eu falo neste assunto é para divulgar uma informação que precisar chegar aos ouvidos das pessoas. Existe uma parte de mim que não precisa ser divulgada, essa é uma história pessoal, diferente do meu profissional, mas fico feliz de ouvir pessoas que se interessaram mais sobre o tema por causa da minha experiência.
O Brasil precisa cada vez mais de doadores. O paciente decide em vida, mas depois que ele morre é a família que tem que tomar essa decisão. As famílias têm que pensar que não é simplesmente doar, é escolher um corpo para aquela pessoa viver um pouco mais. Não recebi só um órgão, o órgão de uma pessoa é que também ganhou a chance de viver mais em mim.
Positividade
Duda Ribeiro
Por ele e pela dor da família, eu continuo pensando positivo.
Eu acho que ainda estamos na fase da divulgação e essa é a minha parte também.
Pessoa melhor
Duda Ribeiro
Não gosto de falar para que fique parecendo que eu sou um herói ou um coitado. Isso pode acontecer com qualquer pessoa, a importante no meu caso é ressaltar o máximo possível o amor dessa mãe por outra pessoa que ela não conhecia! É uma forma dele estar vivo em mim! Então por ele, pela mãe dele e pela dor da família do meu doador, eu continuo pensando positivo na minha vida. Eu estou tentando fazer por merecer sendo uma pessoa melhor!
Energia positiva
Duda Ribeiro
Eu recebi muita energia positiva. Essa corrente nos dá uma força enorme para lutarmos não só pela gente, mas pelos outros. Estou aprendendo uma coisa muito importante: a viver o dia de hoje. Sempre planejei a minha vida para o futuro e nunca vivi o dia de hoje. Amanhã a Deus pertence. Eu sou uma pessoa de fé.
Eu sou transplantado de fígado, já faz quatro anos e eu sou aquele que tem toda a gratidão!
Meu fígado pesava oito quilos. Um fígado normal pesa cerca de 1,3 quilos. Todo o meu peso do meu fígado era por causa de tumores.
De um lado você tem a dor e a perda da família do doador, depois vem os médicos que fazem a captação, os assistentes sociais e clínicos que te ajudam durante o processo todo e lá no fim, tem o paciente, que no caso sou eu,
A vida nas mãos do Criador. Não se iluda, ela não será controlada por você. Por isso, tente, uma vez só, deixar que ela flua como Ele quer.
Desconhecimento
Duda Ribeiro
Eu acho que não é interessante a gente culpar as pessoas. Se você me perguntasse há cinco anos atrás sobre doação de órgãos eu não saberia responder essa pergunta. Eu acho que há um desconhecimento!
Isso está relacionado com o fato de ter afeto e interesse na vida do outro, ai sim você pode chegar a um consenso se é um doador ou não!
Eu acho que evolui muito porque eu não vejo rejeição das pessoas. A maioria das conversas que eu vejo em volta, sempre tem gente afirmando que é doador! E por incrível que pareça, até a classe social não precisa ser a mais alta para ter a consciência, isso não tem nada a ver com inteligência e sim com falta de conhecimento!
Conhecimento
Duda Ribeiro
Todos nós temos um desconhecimento sobre vários assuntos e esse é um assunto que é necessário que se conheça mais. As pessoas não tem o conhecimento e não percebem que isso pode acontecer na vida delas.